Em meio a rotina dura do campo, Primo Levi relata o efeito que a ajuda simples de um homem tinha em seu ser:
"... Não sei se tem sentido identificar as causas pelas quais a minha vida, só a minha entre milhares de vidas equivalentes, pôde resistir à prova; em todo caso, creio que devo justamente a Lourenço o fato de estar vivo hoje. E não é só por ajuda material, mas por ter-me ele lembrado constantemente (com a sua presença, com esse seu jeito tão simples de ser bom) que ainda existia um mundo justo, fora do nosso; algo, alguém, ainda puro e íntegro, não corrupto nem selvagem, alheio ao ódio e ao medo; algo difícil de definir, uma remota possibilidade de bem pela qual valia a pena conservar-se."Esse texto lindo é minha parte favorita no livro. Não tem a ver diretamente com religião, pois o próprio autor não consegue conceber Deus depois dos horrores que viveu, mas tem a ver com um efeito que muitos religiosos causam nos outros.
Li por indicação de um amigo e adorei. Realmente, os horrores realizados nos campos de concentração rebaixam a dignidade humana a um nível que se dúvida da própria humanidade dos envolvidos. Aconselho a leitura dessa obra linda, retratando a realidade, mas escrita como uma verdadeira obra prima.
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